terça-feira, 23 de setembro de 2008

Policiais civis fazem passeata amanhã em São Paulo

Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil


São Paulo - Os policiais civis do estado de São Paulo, em greve desde a semana passada, prometem fazer uma passeata amanhã (23), a partir das 11h, para reivindicar aumento salarial e reestruturação da carreira. Segundo a Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Adpesp), a passeata vai sair da sede da entidade, na Avenida Ipiranga, e terá como destino a Secretaria de Segurança Pública (SSP), na Rua Líbero Badaró, ambas no centro da cidade.

Na quinta-feira (25), também como parte da mobilização, os policiais devem doar sangue nos hemonúcleos de todo o estado como tentativa de “sensibilizar a população denotando que a polícia sempre deu o sangue para a sociedade”, diz a associação, em sua página na internet.

Na tarde de hoje (22), em entrevista coletiva, os policiais civis voltaram a criticar o governo alegando uma tentativa de manipulação da imprensa com números “mentirosos” que teriam o intuito de colocar a sociedade contra os grevistas. Segundo André Dahmer, um dos coordenadores da greve e diretor da Adpesp, o movimento continua intenso em todo o estado: 70% dos policiais estão parados na capital e 90% no interior.

“Quando a gente vê o governo com essas posições intransigentes, colocando notícias ou meias-verdades no jornal, isso, na verdade, faz com que o policial fique cada vez mais com força nessa mobilização. E vamos continuar mobilizados e parados enquanto o governo continuar com esta posição intransigente”, disse Dahmer, acrescentando que a categoria está aberta à negociação.

“Se o governo ligar à meia-noite para a gente discutir, nós vamos discutir, mas tem que ser uma proposta que respeite o policial e a população de São Paulo”, afirmou.

O governo apresentou uma proposta de incluir na folha de pagamento do ano que vem R$ 500 milhões, o que representaria um reajuste de 7% para a categoria. As entidades, por sua vez, propuseram 15% para ativos e inativos, retroativos a março deste ano, mais 12% em 2009 e outros 12% em 2010.

Durante a coletiva, os policiais disseram ter entrado com medidas judiciais contra o governo. “A greve é um direito do policial, está na Constituição e é reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal (STF). E a lei diz claramente que não se pode coagir quem está numa greve legal”, disse Dahmer.

Procurada pela Agência Brasil, a secretaria de Segurança Pública do estado, até o momento, não se pronunciou a respeito das críticas feitas pelos grevistas.

Com a paralisação dos policiais civis, apenas serviços de emergência estão sendo atendidos nas delegacias. Em outros casos, segundo Dahmer, as pessoas que não são atendidas recebem informações sobre a greve e orientações a respeito dos procedimentos a serem tomados.

A secretaria de Segurança Pública implantou um serviço de atendimento ao cidadão para reclamações, dúvidas, denúncias e esclarecimentos. O serviço está disponível pelo telefone (11) 3291-6500 ou pelo email seguranca@ssp.sp.gov.br.